20/03/2012

ARQUEOLOGIA

Na próxima caminhada vamos ver igualmente vestígios de uma "conheira", que existe em Casegas, a qual ficou muito visível com o incêndio de 2005 e agora o mato tenta de novo esconder, como o tempo é escasso para elaborar uma explicação sobre o significado de conheira, retirei do site do turismo de Vila de Rei, muito bem concebido e que considero uma das explicações mais claras.

"Entende-se por “Conheira”, um local onde foram amontoados seixos rolados resultantes do trabalho de exploração mineira do ouro pelos Romanos. Estes aglomerados resultam da extracção de ouro aluvionar que era efectuada pelo desmonte de determinadas vertentes geológicas. Enquanto sítios arqueológicos, o Concelho de Rei conta (até ao momento) com 40 exemplos destas realidades. Sendo assim, torna-se um dos conjuntos mais numeroso e peculiar de todos aqueles que foram identificados até agora na Península Ibérica. Segundo alguns autores, a designação de Conheiras, «a origem do topónimo, bem conhecido e utilizado na região, parece provir do latim (cós, cotis ? = penedo), que evoluiu para “codes”» (Barbosa, Barra, Ferreira da Silva e Romão, 2001, p.12). Esta interpretação parece ter algum fundamento, dado que ainda hoje persiste a toponímia ligada a esta realidade, como a “Ribeira de Codes”, que poderia ser lida como “Ribeira dos Penedos”. No entanto, não poderá esta interpretação remontar a um topónimo ainda mais antigo? Penso que não seria de todo despropositado ligar este fenómeno geológico e mineiro a uma intervenção por parte de uma identidade étnica indígena: os Cónios ( konyos no grego) população essa que surge nos textos antigos ligada à mineração – nomeadamente ao estanho (Guerra, 1996, p.14).
As Conheiras são assim antigas cortas mineiras, resultantes de escavações a céu aberto, com dimensões que podem atingir os 200-500 metros de extensão superficial por 10 ou 20 metros de escavação em profundidade. A maioria destas realidades apresenta estruturas em forma de “pente” formadas pelo alinhamento dos conhos aquando do desmonte. Por esse motivo em Espanha, estas realidades são apelidadas de Medulas. Estas linhas correspondiam a corredores para o escoamento de águas, sendo que por vezes tinham de ser construídas represas para essa mesma água (que localmente são apelidadas de “lagoas”). Para além disso, o terreno onde subsistem evidenciam um destaque natural na paisagem, eram elevados para o efectivo desmonte das frentes de trabalho. Nestes locais podiam se fixar acampamentos, e seria também desta zona que os trabalhadores lançavam a água que provocava o desmonte da rocha. A única notícia de que dispomos até ao momento, prende-se com a existência de umas estruturas de Época Romana junto à localidade da Carregueira e que deverá ter servido como uma espécie de Posto de Vigia para os militares romanos. Os militares romanos encarregues da vigia integral destes locais eram os procuratores metallorum que regulavam o funcionamento dos metalla (Sánchez-Paléncia, 2000, p.286). No entanto, estas estruturas também podem indicar possíveis canais de exploração/emissarium , que eram construídos com as próprias pedra rolantes da exploração e que serviam para conduzir as areias até aos canais de lavagem (Sánchez-Palencia, 2000, p.207).Para tal efeito era necessária a existência de bastante água: esse objectivo era concretizado pela existência de suportes e aquedutos em cotas mais elevadas (Lomba das Torres) e que proporcionavam o abastecimento de água até às explorações (Barbosa, Barra, Ferreira da Silva e Romão, 2001, p.12).
As Conheiras apresentam uma numeração romana de modo a serem mais facilmente distinguidas. Esta distinção tem de ser efectuada deste modo, para uma melhor condensação da informação respeitante a estas realidades concretas, pelo que esta foi a fórmula encontrada pelos Arqueólogos Carlos Batata e Filomena Gaspar para diferenciarem este Conjunto. No entanto, na tese de Mestrado do Arqueólogo Carlos Batata surgem novos dados e até Conheiras que não haviam sido identificadas até ao momento. A organização e métodos seguidos por este investigador baseia-se numa apreciação global das Conheiras que depois surgem retratadas em fichas de sítio muito sucintas, onde os dados que possuíamos em 2000 são profundamente alterados. Nomeadamente no que diz respeito à micro-toponímia que era desconhecida e que surgiu neste trabalho bastante confundida. Algumas das designações deste trabalho de “Levantamento Arqueológico” estavam mesmo erradas, tendo sido necessário o apoio do Sr. Vicente José da Silva que as identificou correctamente."

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