25/06/2008

ROTA DAS MAÇAROCAS


O milho é uma cultura agrícola com grande importância em Casegas até há poucos anos. Desempenhou nesta região das Beiras, tal como no Minho, um papel fundamental na alimentação, a partir do século XVI, quando foi trazido da América do Sul pelos navegadores portugueses e espanhóis. O mesmo aconteceu com a batata, o feijão, o tomate, a abóbora… hoje é difícil imaginar como seria a alimentação dos nossos antepassados até ao século XVI e XVII.
O milho teve, logo que aqui começou a ser cultivado, enormes consequências: acabou com as fomes que eram um flagelo que se abatia sempre que havia um mau ano para os cereais de inverno e também permitiu aumentar a criação de gado... do milho tudo se aproveita: da “maçaroca”, à folha, ao “folhelho” à cana e ao “maçaruco”. Se não havia pão de centeio ou trigo, fazia-se broa de milho. A alimentação melhorou e a população começou a aumentar. No início do século XVIII em Casegas, segundo o inquérito a que o pároco de então respondeu, havia grande abundância de milho e azeite.
Outra transformação a que o milho obrigou, foi a grandes obras de hidráulica agrícola. Data desses tempos, o início da construção de sistemas de regadio na nossa região: açudes e compridas levadas para condução da água ao longo dos vales. Também se construíram socalcos, com muros de suporte, amparando e aproveitando a terra arável das encostas. Degraus e degraus por essas serras, foi o trabalho de várias gerações de beirões e minhotos.
Os seus efeitos económicos, sociais e na transformação da paisagem, foram tão grandes, que o geógrafo e historiador Orlando Ribeiro empregou a expressão “revolução do milho” para enfatizar essas transformações. Algumas regiões da Europa começaram a parecer-se mais com a América do Sul e até na alimentação isso se verificou.
As tradições, a música, a poesia popular, a gastronomia, também se enriqueceram com estas novas culturas agrícolas. Todos conhecem as canções relacionadas com os trabalhos nos campos de milho e com as desfolhadas e debulhas. Até a palavra “maçaroca” ganhou outro significado, passando a designar a espiga do milho “maïz”.
(imagem do cartaz originalmente publicada no blogue cpcaminhadas)
Casimiro Santos



Broa de milho
Junta-se o fermento com a farinha de milho peneirada, vai-se deitando água morna e amassando até ficar uma massa homogénea. Vai-se peneirando para essa massa, farinha de centeio e/ou de trigo e vai-se amassando. Deixa-se levedar a massa na masseira e quando ela apresentar umas rachadelas, já está pronta a cozer. Entretanto o forno já está aquecido para se meter a broa. Podem-se fazer broas pequenas ou grandes conforme se quiser. São sempre um pão delicioso.

Papas de carolo
Tem-se ao lume uma panela com água temperada com sal. A água deve ser pelo menos três vezes o volume do carolo que é milho amarelo ou branco partido, quase moído (para cada chávena de carolo, quatro chávenas de água). Quando a água levantar fervura, mete-se o carolo e deixa-se cozer, tendo o cuidado de o mexer de vez em quando no princípio e constantemente assim que o preparado ficar mais espesso. Quando o milho estiver a meia cozedura, começa a juntar-se o leite a pouco e pouco, mexendo sempre. Por fim, adiciona-se o açúcar, deixa-se cozer um pouco mais e serve-se em travessas ou pratos individuais enfeitados com canela.


Moinho da Bouça - Casegas (utilizado para moer o milho e outros cereais)


Vale da Queiró - uma das muitas várzeas de Casegas onde era cultivado o milho.


Moinho na vizinha aldeia de Meãs, ainda em funcionamento.

02/06/2008

1 de Junho - Dia Mundial da Criança em Casegas

Ontem Casegas comemorou o Dia Mundial da Criança de forma especial e mais solidária. Em conjunto com a ASPP - PSP, o grupo de Caminheiros da Casa do Povo de Casegas levou a cabo uma iniciativa, cujos lucros revertem para a Acreditar, Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro.
Consistiu na realização de diversos percursos: o pedestre, com duas opções: de 7 e de 15 Km e o de BTT, também com duas opções: de 20 e de 40 Km. Tivemos o acompanhamento de duas viaturas todo-o-terreno, os voluntários de sempre cedendo os seus carros, e duas ambulâncias.
Quanto às crianças, enquanto os pais caminhavam ou pedalavam, estiveram acompanhadas por várias educadoras de infância, fizeram um percurso pela aldeia e arredores, praticaram diversos jogos didácticos, viram uma peça de teatro infantil, os Três Porquinhos, e saltaram no colchão gigante insuflável. Depois foram almoçar.
Os adultos, no regresso, retemperaram forças com uma saborosa feijoada à transmontana, e durante a tarde e noite a festa prosseguiu com diversas actividades: a Banda Musical de Casegas ofereceu um concerto, houve danças de salão pelo Atheneu Vilafranquense no salão da Casa do Povo, o Atheneu de Coimbra com o grupo de Bombos Rebimb'o Malho, marcou um ritmo etno-musical de alta qualidade e algumas crianças optaram pela matiné cinematográfica na casa do Povo onde assistiram ao Shrek 3.
O grupo de Cinotécnica (treino de cães) da GNR esteve presente com exibição de algum trabalho destes fantásticos animais. As crianças adoraram.
Isto tudo, programa recheado, comida saborosa, acompanhamento de convidados... etc, só seria possível com a dedicação da equipa do costume: um staff incrível e dedicado!!! Sabem os nomes. Elas e eles não falham. Aqui se incluem também os cozinheiros habituais, as educadoras de infância e todos os que, gratuitamente colaboraram e ofereceram o resultado da venda de alguns produtos, ginginha, cerejas... ou fizeram os seus donativos directos para a Acreditar. O representante desta organização esteve presente e teve ocasião de explicar o trabalho que desenvolvem actualmente e agradecer esta iniciativa.
A colaboração, a ajuda e o empenho da Junta de Freguesia e da Casa do Povo de Casegas foram imprescindíveis. Bem hajam!!!

IMAGENS